Consenso de Schwerte

Os princípios 3c3p da educação religiosa na escola

Tradução: Vito Alexander Vasser Santos Batista (verificação da tradução: Jan-Hendrik Herbst), texto original em Katechetische Blätter 149/2024 (1), 69-71.

O Consenso de Schwerte resume os debates e os resultados do simpósio “New bottle, old wine? - Uma nova perspetiva dos temas políticos na educação religiosa dos jovens”, que teve lugar em março de 2022 na Academia Católica de Schwerte. Seis princípios (3c3p) orientam a educação religiosa que tem como objetivo fazer justiça às dimensões políticas da educação religiosa

Controversa

Nos processos de educação religiosa, os temas sobre os quais existem posições divergentes na teologia, na igreja e na sociedade devem ser discutidos de forma controversa. A condição essencial para tal é que as posições não contradigam os direitos humanos ou o conhecimento científico adquirido com base nos correspondentes padrões de racionalidade, metodológicos e de argumentação. Devem ser consideradas tanto as controvérsias ad intra (ou seja, a diversidade intra-religiosa e inter-religiosa das tradições religiosas) como ad extra (entre visões do mundo religiosas e seculares).

Crítica

No início e na implementação de processos de educação religiosa, as relações de poder e as ideologias sociais devem ser objeto de uma reflexão (auto)crítica, a fim de reconhecer e contrariar as dependências e as desigualdades sociais que se sobrepõem. O resultado é também a necessidade de articular a crítica, a oposição e o protesto contra as relações de poderes religiosas, sociais, psicológicas e relacionadas com a natureza existentes e os seus envolvimentos.

Constructiva

A educação religiosa deve encorajar estudantes, integrando no processo educativo a perspetiva esperançosa da proclamação do Reino de Deus como uma perspetiva contrafactual de interpretação da realidade, para a tornar acessível e questionar a sua plausibilidade. De forma antecipatória e reminiscente, a orientação para os conceitos bíblicos de justiça abre perspetivas visionárias para o futuro “contra toda a esperança”.

Posicional

A educação religiosa deve ser (refletidamente) posicional e entendida como defensora das pessoas marginalizadas no sentido da tradição bíblica. Cada docente deve tornar transparente a sua própria posição e, ao mesmo tempo, oferecer aos alunos um espaço de reflexão crítica para que possam relacionar-se conscientemente com essa posição. Uma constelação de base deste tipo permite contrariar a doutrinação pessoal, estrutural, institucional e existencial.

Participativa

Na educação religiosa, os estudantes devem ter plenamente em conta os antecedentes, os recursos e as perspetivas pessoais e ser encorajados a participar no processo de aprendizagem. Devem aprender como podem atuar na prática de acordo com as suas próprias convicções religiosas ou ideológicas. Ao mesmo tempo, devem ser confrontados com o facto de que, de uma perspetiva cristã, a sua própria prática deve ser orientada por ideias como “paz”, “justiça” e “responsabilidade pela criação”.

Prática

A educação religiosa deve ser orientada na prática, porque as próprias religiões são práticas. Para além de lidar com as perceções e interpretações religiosas do mundo, bem como com o seu juízo crítico, trata-se também de abrir formas de viver a religião. Só através do envolvimento na prática espiritual e nas ações sociopolíticas (religiosamente motivadas) é que a educação religiosa pode abrir caminhos para mudar a sociedade através da ação individual e coletiva e para a moldar de uma forma justa.

 

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